quinta-feira, 3 de março de 2011

Heroína sem medalha

Hoje,
escrevo para a mulher
que acorda de madrugada,
encosta a barriga no fogão,
sem tempo de recompor ou compor
para seu companheiro,
a musica que todos os dias
ela sonha em cantar.


Não tem tempo...
Nunca sobra tempo...
Não existe um final...
Uma luta sem tregua da vida
no dia a dia,
da mulher sustentada pelo marido
com salário mínimo,
desdobrando-se em dez mulheres,
para que seus filhos não passem fome
 e venham ter uma vida mais digna.


Ela não é notada!
É sofrida,maltratada pela vida,
sem opinião...Na maioria das vezes.
Sem chão,seguindo em frente,
compondo sua própria canção:
"Vida desvivida''.


Deixou de viver para si há muito tempo.
No momento trabalha para que tudo na vida
esteja no lugar,no meio de sua família.
Quando a noite desce,
não tem tempo pra ajoelhar
e fazer uma prece;
suplica a Deus do jeito que está,
apenas ela não tem lugar,
não se encaixa,não é lembrada.


Hoje,
 minha homenagem vai pra você mulher...
heroína sem medalha,
vitoriosa sem prêmio!
desdobra-se pelos seus,
e por ela quem se desdobra-rá?
Ninguém.


Hoje,
seus filhos não lembraram de você...
Eu lembrei.


(do livro Buscando o melhor da vida de Maria Lúcia Amberget)

Nenhum comentário: